Fora isso, Josué e o Pé de Macaxeira esteve na programação de uma mostra de filmes de animação brasileiros na França, e em festivais de curtas em Goiania, Campina Grande, Aracati e Cabo Frio. E ainda foi o vencedor do Premio de Melhor Animação no fórum sobre cinema infantil Pensar Infância, que aconteceu no Rio de Janeiro no início desse mês. Pelo visto, a macaxeira é mesmo mágica! Abaixo, uma pequena entrevista com Diogo Viegas:
Como foi ganhar o premio de melhor curta-metragem em Gramado, sendo a única animação presente numa mostra competitiva de curtas “live action”?
Diogo: Geralmente em festivais de cinema as animações são tratadas como uma categoria à parte. Sem essa categoria, geralmente não somos selecionados. Portanto, já foi um privilégio ter sido um dos 12 curtas selecionados para um festival com a importância e com a história que tem o Festival de Gramado. Ser premiado e ainda em três categorias foi uma surpresa enorme. Mas Gramado vem mostrando que gosta de animações! Ano passado o Dossiê Rebordosa ganhou em duas categorias e esse ano Josué... ganhou em três. Pensando bem, ambos os curtas ganharam o prêmio de Melhor Curta Brasileiro no Anima Mundi 2008 e 2009. Será que o público do Anima Mundi está prevendo os futuros ganhadores de outros festivais?
Na premiação do Rio, você contou ao publico da sua satisfação em ganhar o premio pelo Júri Popular, explicando na premiação que era “cria do Anima Mundi". Mas além do gosto como espectador, você teve alguma formação especializada?
Diogo: A minha formação foi trabalhando! Eu comecei com 18 anos, estava terminando o 2º grau, e quem me deu a primeira oportunidade foram César Coelho e Aída Queiroz, dois dos quatro diretores do festival. Então, quando disse “cria do Anima Mundi”, fui realmente criado pelo festival, já que foi no estúdio deles, o Campo 4, que eles me orientaram nos primeiros passos na vida de animador. Além de ensinar como deveria ser feito e como melhorar, ainda me mostravam e indicavam filmes de animação fora dos estúdios tradicionais, como Disney ou Warner, que também são ótimos - eu adoro os clássicos -, mas os curtas que só podemos ver em festivais me fizeram enxergar animação de um modo mais amplo. Abriram pra mim um leque de possibilidades, maneiras e diversidades ilimitadas que podemos explorar dentro da mídia. Portanto, a minha formação básica foi no Campo 4 e acho que o César e a Aída nem sabem o tamanho da importância que eles tem pra todos que lá trabalharam...
E no festival? Quais filmes que você viu no Anima Mundi que te influenciaram diretamente?
Diogo: Eu posso falar horas sobre os filmes que vi no festival que me influenciaram e influenciam ate hoje. Eu gosto muito dos filmes do Alexander Petrov, especialmente O Velho e o Mar. É uma obra que só ele conseguiu fazer até hoje. Adoro os curtas da Aardman. Além dos Wallace e Grommit, o Creatures Comforts e o Loves me, Loves me not são brilhantes. Fora os curtas do Paul Drissen, Bill Plimpton, Andreas Hykade, só para citar alguns diretores. Mas o autor que mais me influenciou tanto como animador quanto na produção do Josué foi Michael Dudok De Wit. A primeira vez que vi O Monge e o Peixe, eu não pisquei! Era tão diferente visualmente do que eu conhecia, a animação tinha tanta personalidade e ao mesmo tempo era tudo tão simples e divertido que eu não sabia como processar todas as “informações” contidas naqueles seis minutos. Foi o curta que mais vezes eu vi! E sem sombra de dúvida, o meu curta só existe por causa deste. Porque não é a toa que o Josué é laranja...
Cena de O monge e o peixe, de Michael Dudok De Wit,
exibido em uma das primeiras edições do Anima Mundi.
Diogo: Sim, para quem é da área, é evidente o crescimento do setor! Cada ano que passa, a animação nacional vem dando passos largos no sentindo de nos estabelecermos no mercado audiovisual. No momento temos diversas séries para TV sendo exibidas e outras em produção, coisa que ano passado não passavam de uma ou duas. Eu, por exemplo, estou na 2D LAB em plena produção da série Quarto do Jobi, que já está passando na TV Cultura e Canal Rá-Tim-Bum. Ao mesmo tempo, no estúdio estamos produzindo outra série em parceria com a Breakthrough, do Canadá, chamada Meu Amigãozão. Isso é apenas um exemplo, existem outras produtoras gerando conteúdo, não só para TV, como também com projetos de longa-metragem. E está sendo cada vez mais possível “viver de animação” no Brasil. Com diversos projetos acontecendo, a demanda de profissionais está aumentando. Na verdade, estamos até com falta em alguns setores, tendo que profissionalizar artistas para estas áreas com carência.
Episódio da série O quarto do Jobi, exibida na TV Rá-Tim-Bum.
E daqui pra frente? Tem mais animação sua vindo por aí?
Diogo: Eu tenho diversas idéias que quero desenvolver, mas agora ainda estou divulgando e curtindo o Josué nos festivais. Vendo as próximas surpresas que ele preparou pra mim. Porém, até final do ano, quero estar com uma idéia definida e pronta para começar a produzir ano que vem. Quem sabe um novo curta do Josué? É uma possibilidade...
E para quem quiser saber mais sobre a trajetória de Josué e o pé de macaxeira e também os trabalhos do Diogo, os blogs são: viegasestudio.blogspot.com ou diogoviegas.blogspot.com