No dia 28 de Outubro de 1892, o francês Émile Reynaud fez a primeira projeção pública de um espetáculo de imagens animadas no mundo. Este evento aconteceu três anos antes da afamada primeira projeção do Cinematógrafo dos Irmãos Lumière em dezembro de 1895.
O Teatro Óptico de Reynaud tinha quase todas as características que até hoje compõem um espetáculo cinematográfico ou multimídia moderno: ação dramática, personagens, narrativa, emoção, música, participação do público... tudo feito à mão, imagem por imagem, num laborioso e inspirado trabalho artístico que mesclava com maestria preparação e performance improvisada no palco. No entanto, o "cinema" dos Irmãos Lumière ganhou mais reconhecimento histórico, apesar de suas pobres cenas cotidianas que não mostravam nada além da imagem pouco nítida de um "trem chegando na estação" ou de "operários saindo da fábrica". Existem várias razões para a imagem fotográfica dos Lumière ter prevalecido sobre a fantasia nos livros de história do cinema. Uma delas foi a própria atitude desesperada de Reynaud, ao constatar que seu cinema desenhado jamais alcançaria o resultado comercial do Cinematógrafo, que esvaziava o seu espetáculo ao mostrar um filme novo por semana! Como cada filme seu demandava pelo menos seis meses de trabalho, Reynaud anteviu a própria falência, e numa crise de depressão jogou quase todo o seu trabalho e equipamento no Rio Sena, destruindo evidências de seu talento. Como tantos outros artistas da época, Reynaud morreu pobre e esquecido.
Apenas nos anos 1970, Julien Pappé, um cineasta franco-polonês dublê de restaurador e apaixonado pelos primórdios do cinema, encontra dois filmes remanescentes de Reynaud e decide restaurá-los através de uma traquitana que os converte para película 35mm. Ao fazê-lo, Pappé se encanta a tal ponto que, em 1993, escreveu em um artigo para o Festival de Annecy,: "Não foi Lumière quem inventou o Cinema!"
Autour d une cabine, de Emile Reynaud (1894)
Em 1996, na quarta edição do Anima Mundi, trouxemos ao Rio a magnífica exposição ANIMAGIA, do Museu-Castelo de Annecy. A mostra contava com uma reprodução em escala natural de um "animatronic" de Emile Reynaud e seu Teatro Óptico, que exibia para o público os filmes restaurados por Pappé. Desde que a obra de Reynaud pôde ser novamente mostrada ao público, ele vem sendo reconhecido como um verdadeiro pioneiro, não só da animação como de todas as formas de imagens animadas (incluindo aí o cinema fotográfico!).
Maquete do Teatro Óptico na exposição ANIMAGIA (1996)
É por isso que, em 2002, a ASIFA (Associação Internacional de Festivais de Animação) decidiu inaugurar um Dia Internacional da Animação na mesma data da primeira projeção do Teatro Óptico, 28 de outubro. Em 2004, a AFCA (Associação Francesa de Cinema de Animação) se juntou à ASIFA no empenho de tornar a data mundial. Na ocasião, o Anima Mundi foi procurado através da ASIFA e repassou o contato à recém constituída ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação), sabendo que esta seria mais uma ótima oportunidade de promoção para a nossa categoria profissional no Brasil.
A ideia vingou e o DIA (Dia Internacional da Animação) cresceu! Em 2007 o Anima Mundi teve a honra de ser escolhido pela associação para receber neste dia o Troféu ABCA, prêmio que guardamos com muito carinho em nosso acervo.
Desde então, o DIA vem ganhando peso e repercussão em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil onde é comemorado em vários eventos. Este ano, o DIA alcançou inclusive o reconhecimento e apoio de patrocinadores como a Petrobras. Consulte a programação completa no site:
É curioso que no Brasil o dia 28 de outubro já seja também o Dia do Servidor Público...
Na verdade, a função do animador tem algumas semelhanças com o servidor público: pode demandar igual dedicação, espírito público, lidar com muito papel e pode também encarar muuuito tédio em atividades repetitivas... ;-)
No DIA em que quisessem fazer uma homenagem conjunta a estas 2 categorias profissionais, eu creio que o melhor patrono seria o canadense Norman McLaren: lembrando que por quase 40 anos ele foi funcionário do governo canadense, no National Film Board, e ao mesmo um dos artistas de animação mais livres e inovadores que o mundo já conheceu. Só mesmo um gênio para realizar este paradoxo!!!
É por isso que, em 2002, a ASIFA (Associação Internacional de Festivais de Animação) decidiu inaugurar um Dia Internacional da Animação na mesma data da primeira projeção do Teatro Óptico, 28 de outubro. Em 2004, a AFCA (Associação Francesa de Cinema de Animação) se juntou à ASIFA no empenho de tornar a data mundial. Na ocasião, o Anima Mundi foi procurado através da ASIFA e repassou o contato à recém constituída ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação), sabendo que esta seria mais uma ótima oportunidade de promoção para a nossa categoria profissional no Brasil.
A ideia vingou e o DIA (Dia Internacional da Animação) cresceu! Em 2007 o Anima Mundi teve a honra de ser escolhido pela associação para receber neste dia o Troféu ABCA, prêmio que guardamos com muito carinho em nosso acervo.
Desde então, o DIA vem ganhando peso e repercussão em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil onde é comemorado em vários eventos. Este ano, o DIA alcançou inclusive o reconhecimento e apoio de patrocinadores como a Petrobras. Consulte a programação completa no site:
É curioso que no Brasil o dia 28 de outubro já seja também o Dia do Servidor Público...
Na verdade, a função do animador tem algumas semelhanças com o servidor público: pode demandar igual dedicação, espírito público, lidar com muito papel e pode também encarar muuuito tédio em atividades repetitivas... ;-)
No DIA em que quisessem fazer uma homenagem conjunta a estas 2 categorias profissionais, eu creio que o melhor patrono seria o canadense Norman McLaren: lembrando que por quase 40 anos ele foi funcionário do governo canadense, no National Film Board, e ao mesmo um dos artistas de animação mais livres e inovadores que o mundo já conheceu. Só mesmo um gênio para realizar este paradoxo!!!
Marcos Magalhães
1 comment:
Como se diz, ANTES TARDE DO QUE NUNCA!, e como foi tardio o reconhecimento desse pobre Émile Reynaud! Mas o importante é que o merecido reconhecimento chegou e, certamente, esse não é o único caso de, digamos, injustiça autoral. Mas parece que isso era mais comum no século 19 e início do 20, enfim, no auge da chamada Era das Invenções. Abraço e sucesso a todos vocês!
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